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Mostrando postagens de julho, 2011

Momento Musical # 5: Graveola e o Lixo Polifônico - Insensatez

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Nossa, há tempos que não tinha um momento musical por aqui. Não poderia deixar essa tendência continuar por muito tempo... Uma das coisas que eu mais odeio nas tão chamadas "músicas pop" são aqueles refrões enfadonhos, que grudam na cabeça e não saem mais, sabem? Pois bem, hoje vou compartilhar uma música que tem um refrão que gruda na cabeça, mas não é nada enfadonho. É até um sacrilégio exaltar só o refrão, visto que acho a letra toda excepcional. "Insensatez" é uma daquelas músicas boas para quase todas as ocasiões felizes. "então eu disse para, continua, continua, para, para, para, para, continua, continua, para para, continua, continua, nua, para, para, para, para, continua, continua, para"

Relógio

Relógio Morro um pouco A cada momento Em que sinto dor Em todo adeus que dou A alguém que amo demais. Pergunto-me então, Nos instantes De dores excruciantes Que duram todas as lágrimas: Por que não decido Adiantar minhas horas?

Segunda Visão Acerca da Alibernação

Segunda Visão Acerca da Alibernação É maravilhoso Como de repente As coisas perdem Qualquer vestígio De um sentido Quando cada dia Traz uma ponta De opressão A gente afirma Que é feliz Para não admitir Que nossa vida Não é nada daquilo Que sonhamos construir Mas não fazemos Nada pra mudar Vou ver tevê Amanhã acordo cedo É um saco trabalhar Não aguento estudar Fim de semana É esquecer Que já o tédio Vive em mim

Momento Textual # 3: Adélia Prado - Psicórdica

Desculpem a avalanche de "Momentos Textuais", mas simplesmente não tive como não postá-los. Tanto "Sentimento do Mundo", do MT2 , quando este "Psicórdica", do presente MT3, não poderiam passar em branco. São temáticas totalmente diferentes, mas que, por um motivo ou por outro, me chamaram a atenção.  Psicórdica Vamos dormir juntos, meu bem, sem sérias patologias. Meu amor é este ar tristonho que eu faço pra te afligir, um par de fronhas antigas onde eu bordei nossos nomes com ponto cheio de suspiros. Acho esse poema sensacional. Muitas vezes, fico me perguntando sobre o que eu escrevo nos meus poemas: até que ponto aquilo se traduz em sentimento, ou é passatempo com palavras... No oposto desta linha, eu considero estar "Psicórdica". Um poema de palavras simples; sete versos; uma estrofe; sem rimas; sem jogos de palavras. Mas dá para ir longe pensando nele! Me encanta o modo como tão poucas palavras expressam tanta ...

Momento Textual # 2: Carlos Drummond de Andrade - Sentimento do Mundo

Sentimento do Mundo Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo, mas estou cheio de escravos, minhas lembranças escorrem e o corpo transige na confluência do amor. Quando me levantar, o céu estará morto e saqueado, eu mesmo estarei morto, morto meu desejo, morto o pântano sem acordes. Os camaradas não disseram que havia uma guerra e era necessário trazer fogo e alimento. Sinto-me disperso, anterior a fronteiras, humildemente vos peço que me perdoeis. Quando os corpos passarem, eu ficarei sozinho desfiando a recordação do sineiro, da viúva e do microscopista que habitavam a barraca e não foram encontrados ao amanhecer esse amanhecer mais noite que a noite. Eu acho o Drummond um grande poeta, e ainda me impressiono como alguns poemas dele me comovem. "Poema de Sete Faces", "A Máquina do Mundo", "Elegia", ... "Sentimento do Mundo" não é um poema, digamos, alegre. Do contrário, reflete os fatos...

Polígrafo I

Polígrafo I Nunca te contei mentiras Sincero sou naquilo que digo Mesmo nas palavras estranhas Inadequadas e sem sentido Então por favor não me faça Ciente das tuas desculpas Pareço até  sem coração Porém rogo sensatez Que a alma é indiscreta E revela a desilusão Das verdades tão concretas Que sem pudor você desfez E se eu falei de desejo Foi porque guardei cada segundo Já as vezes de silêncio Foram instantes de descanso: A minha boca se cansou De ficar se iludindo