Auto-reconstrução
Auto-reconstrução À hora de dormir havia alguma coisa como faca entre as gengivas e um fio de sangue a escorrer E havia algo como desejo - embora mais parecesse coceira - ou sede que não se aplacava e sentia falta de ar, falta de ser E tudo então era estado perplexo desse emaranhado disléxico que é o ser a virar sonhador E tudo era um tanto complexo que as palavras surgiam do léxico de quem à vida se dá com torpor Mas o tempo entre as mãos já não era bastante e o futuro era insuficente porque o desdém engolia o agora E o despertar já se fazia tarde porque o dia já era chuvoso, o céu já era nublado e o verão já se fora embora E foi quando viver já não era sem tempo e o amar não mais era escolha mas se tornara obrigação Porque os dias se vão sem alarde mas o agora nunca é tarde para a auto-reconstrução