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Mostrando postagens de 2017

A Cidade Tortura

A Cidade Tortura Eu vivo a cidade dos mendigos e sofrimentos que ignoro, dos ônibus abarrotados e pessoas resignadas. Requer esforço enxergar a humanidade. Tudo o que vejo são corpos, matéria que ondula conforme asfálticas oscilações. "Mais amor", eu escuto. Mas para amar é preciso comer, comer requer trabalhar e o trabalho virou privilegio. A cidade tortura com a promessa da recompensa. Para os pobres: comprar. Para outros pobres: viajar. Todos estão doentes e calados. Mas não posso pagar o preço da saúde e minha voz é abafada pelo barulho dos motores. A cor já morreu em mim e o amor se aquietou. O cinza que me tortura é o mesmo cinza que me destrói.

Ciclos, Meus

Ciclos, Meus a possibilidade do meu viver se encerrar quando eu morrer e começar quando eu renascer. A todos os ciclos do meu sofrer sou grato pelo meu sentir porque neste ciclo do existir e do constante evoluir habito eu para servir. Meu corpo é eterno construir e minha mente exarcebar o que de mais belo ná no amar: desejo anímico de se indignar e estado unânime de questionar. Neste Ciclo não vou abarcar tampouco começar a entender,

Soneto da Mudança Possível

Soneto da Mudança Possível Ando a passo descoberto rumo a meu próprio infinito e a cada passo, incerto, do viver, eu faço rito. Ando a passo coerente com tudo que penso e sinto, e mesmo ainda inconsicente, com minhas ações, consinto. Das escolhas sou herdeiro. Erros, amores, aprendizado são conquistas do meu ser mas não me definem por inteiro. Porque a nada estou fadado: mudo eu a meu querer.

Releitura de Versos Amigos

Releitura de Versos Amigos se sou imóvel a vida para se tenho pressa a vida corre se tenho sede a vida é escassa me causa febre a vida ausente me escasseia a vida inerte me desnorteia a vida esparsa

Onde se Escondem as Curvas dos Olhos?

Onde se Escondem as Curvas dos Olhos? Presido rotinas cronometradas e desperto depois de exatas horas, contadas, e deixo para cada cinco dias viver minhas alegrias, mas não é aí que se encontra a felicidade? Acontece que os sorrisos são vários, são ritos, são sorrisos que não rio, são as rimas de um poema não escrito, são as regras do mundo que se fez restrito pelo esplendor da modernidade.

E foi bem lá do alto da Serra

E foi bem lá do alto da Serra E foi bem lá do alto da Serra que em morros se atira lá do alto onde meus olhos não puderam alcançar mira que eu contemplei minha vida e perguntei se era mentira a própria razão do ser E foi bem lá do alto da Serra onde não existe guerra que eu quis que o mundo parasse e que o tempo contemplasse o tilintar dos segundos e os pensamentos mais profundos que embalam meu viver E foi bem lá do alto da Serra ao me preparar para descer que eu guardei a imagem das flores ignorei minhas dores e me reconciliei com a terra porque meus melhores sabores vem também do meu sofrer

Tempos Modernos

Tempos Modernos "- Acontece que um céu azul cisma pintar de banalidades nossas manhãs, mas como ousa tingir-se de cor tão displicente o mesmo céu que recolhe nosso mundo moderno? Cantemos o cinza das vidas urbanas e falta de tempo - para nossos amigos, cantemos o cinza! da pobreza indelével de nossos espíritos; já não é mais possível que o mundo, tão cinza, resida sobre tão despótico céu! Decretemos que se pinte de cinza o azul, e que o som seja trocado pelo silêncio para que o amor disponha não mais que de dez minutos diários!" Mas espere - alguém diz: "Nem mesmo tu, que me oprimes (que dilaceras minha humanidade) podes regrar o amor do meu coração!"

A Cidade Resiste

A Cidade Resiste E se são cinzas as cores das cidades, das dores das pessoas, outras cores colorem os meus amores, outros odores exalam dos meus afetos. Dos concretos das quadras erguem-se os estacionamentos mas meus afetos gritam: cinzas também não serão meus sentimentos! As chuvas que caem tornam pretos os marquizes e de preto escorrem os cinzas desprovidos de matizes, e se entranham nas cidades com suas sujas cicatrizes. O tempo oprime as pessoas com suas ondas republicanas, mas novas cores pintarão os muros, e nos becos escuros, as pessoas, com suas luzes iluminarão os novos tempos. Finge que não, meu irmão, mas se a opressão do cinza persiste as cores se realinham e as pessoas se reocupam: mas a cidade resiste!