Soneto da Incerteza

Soneto da Incerteza

Ao estar certo me convém ter incerteza,
pois sei que tecer verdades é ato vão.
Sobre o tecido da verdade e da franqueza,
passa o tempo: deixa apenas o algodão.

Dura não mais, a verdade, em minha vida,
que as histórias fabulosas da infância.
O tempo corre e, gentil, dá-me guarida
para descobrir minha verdade na alternância.

E todos os engodos e os enganos passados
foram meias mentiras e meias verdades
que me permiti acreditar levianamente.

Por isso quero meus fatos reinventados:
ainda que reduzam meu ser a metades,
me darão força para seguir adiante.

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