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Mostrando postagens de 2016

A Cidade Pulsa

A Cidade Pulsa Ando pela cidade e as canções são diversas, um homem alto, magro, esguio dá passos largos rumo a lugares geométricos. A mulher carrega expressões que não defino, e a criança que cai faz a melodia tomar tons de violino. Simples notas que a vida (que sabe como ninguém ser alegre, quando é sofrida) destila em cada uma das suas cotidianas sinfonias. E eu assim, me alimento das canções, como aos domingos, as manhãs fazem banquetes  de olhares e sorrisos.

Preto, Dois Açúcares

Preto, Dois Açúcares Há algo neste dia de agora, cinza e nublado, convidando-me a liquidificar as dores que sufocam meu peito e os caminhos que tenho trilhado, e há algo nestes gritos opacos e vagos olhares noturnos a lançar dúvida sobre meus passos, vagarosos e taciturnos, e a avivar tanto meu grito e a me causar tamanho conflito que a dor me faz querer desistir: mas em um dia chuvoso qualquer, no primeiro gole de café, a vida me convida a sorrir.

Cântico para Minha Gratidão

Cântico para Minha Gratidão Mãe do amor, desnuda-me! Toma-me as mágoas que em mim habitam e os pensamentos que não me sustém. Adorna-me com carinho e momentos de amor; e quando eu presenciá-los lembra-me da bondade que reside nos caminhos onde eu possa encontrar a dor. Ah vida! Tu que tanto me ofereces afeto ao alcance de um simples querer! Quando por vez, eu lhe for ingrato recorda-me do fato que mesmo quando me fazes triste a gratidão persiste nos passos do meu viver.

Hakai de um Poeta em Pleno Ofício

Hakai de um Poeta em Pleno Ofício Ao escrever poemas diversos: dá-se gosto quando as rimas saltitam entremeio aos versos.

Rema forte!

Rema forte! Golpearam-me pelo caminho, temível caminho que frente a mim se precipita em águas escuras, sem que sequer me deixem dizer meu não. Sangram meu peito, apunhalam-me com a retórica, revogam minhas escolhas e traem os meus irmãos. E quem são eles que nunca nos disseram bom dia e nem nunca nos deram alegria, quem são eles agora que até nossa esperança querem roubar? Rema forte, amor, descubri hoje que somos muitos! Temos de escudo a nossa irmandade para o mar negro que vamos remar; e ainda que leve toda a nossa idade, a nossa alma, eles não vão levar!

Momento Textual #6: Sylvia Plath - Mirror (Versão)

É difícil esse sentir, há tanto que queríamos (fosse) diferente. Mirror, de Sylvia Plath. (Versão minha). "Espelho Sou prata e exato. Não tenho preconceitos. O que quer que eu veja, de imediato aceito. Da forma como é, sem sujar com amor ou desprezo. Não sou cruel, apenas verdadeiro — O olho de um semi-deus, tenho quatro cantos. Na maior parte do tempo, medito na parede oposta. Ela é rosa, e tem manchas. Já olhei tanto para ela Que penso ser parte do meu coração. Mas cintila. Faces e trevas uma vez mais nos separam. Agora sou um lago. Uma mulher se curva sobre mim, Procura em meu contorno o que ela é de verdade. Então se volta aos mentirosos, as velas ou a lua. Eu a vejo de costas, e fielmente a reflito. E ela me presenteia com lágrimas e mãos agitadas Sou especial para ela. Ela vem, e vai. A cada manhã, é a sua face que toma o lugar da escuridão. Em mim afogou uma garota, e em mim uma velha Ergue-se rumo a ela, como um peixe que se estraga."

À minha alma

À minha alma Ah, essência crua de minha alma: em ti habitam tantos espectros do sentir e tantas lágrimas que derramo pelas realidades que me permeiam! Pudesse eu gentilmente aceitar quando me inundas feito cascata, quem sabe houvesse menos tristeza em dias seletos do meu porvir. Mas e o amor, presente estaria em outros cantos de meu andar? Crua alma minha, fosses tu mais estéril, em minha face não haveria rugas mas em em meu peito habitaria o nada.

Vã me dizes

Vã me dizes Entrega-me de vez o fascínio de teus olhos, estas névoas quentes do teu eu a contemplar o delírio dos dias e a perder o tempo dizendo adeus aos instantes que me restam: meu olhar se esvai com as palavras que vã me dizes a sorrir, quando já não me queres dizer nada mais.

Soneto de Saudade

Soneto de Saudade Quando chega a hora de dormir, amor, anseio ouvir esse timbre de voz rouca, e os lábios doces, cheios de fulgor, a recordar-me o toque da tua boca. E me pego assim, com o corpo em chama a querer-te aqui, junto a meu braço. Meu constrito peito já por ti reclama: por teus olhares, cabelos e abraço. Grande é a saudade, maior é meu querer que estejas feliz, que se lembres de mim e dessas palavras cheias de carinho; que uma vez mais, meu bem, já voltamos a ter as mãos entrelaçadas e o caminho afim: ando com saudade, mas sem estar sozinho.

Domingos Sem Tua Voz

Domingos Sem Tua Voz São estranhos os domingos sem tua voz: há um quê de nublado no céu, os ventos passam sem assobio e não ouço canto de pássaros.

Soneto para Minha Evolução

Soneto para Minha Evolução De mudança e de conflito me construo, do tempo e das certezas me desfaço. E assim eu sigo, caminhando o lento passo que a vida me ensinou como andar. E sofro tanto, nos instantes em que corro, e corro tanto, por insegurança e medo, que por fim eu vejo, ser ainda muito cedo para meu ser encontrar seu caminhar. Mas ainda assim caminho, e amo meu conflito de fazer com que corpo e mente sigam o ritmo da evolução. Meus amores e alegrias me definem como o medo que a minha essência sente de que neste rumo, reste ainda muito chão.

Que Meu Amor Desague

Que Meu Amor Desague Não me tornei uma pessoa de lugares ou situações, aprendi a me encontrar em outros seres; sou grato pelos teus olhares porque neles também me reconheço. Entretanto não te preocupes, não há nada de temerário nesse meu jeito escancarado de viver; vou me acostumando a não ter chão, a confiar nos passos junto a ti. Contudo, de tudo ainda tenho medo. Estou aprendendo a não ter, vida, mas eu ainda nem te digo minha, quando me escapas como grãos de areia dentre as mãos: a ti sou grato pelo amor. Em teus olhos, vejo a vida toda a meu redor, às tuas costas, confio que exista o bem: não há impossibilidade quando vivo o mundo além dos meus sentidos, quando preciso de você para amá-la, com tudo que de melhor possuo. Nesse agora onde me situo, não tenho necessidade de outras vidas, não preciso ser ilimitado, nem saber todas as respostas. Caminho porque, em todos os momentos, preciso caminhar. Meu amor, constante, se expande. Quando eu deixo ele ...

Conversa de Vidas Batidas

Conversa de Vidas Batidas Não sei bem faz quanto tempo, fui eu ter com a vida e cismei ser cada dia minha melhor versão de mim. Vou vendo interessantes resultados, mas ultimamente ela tem me feito sentir tantas saudades e desejar tão loucamente a passagem do tempo, que resolvi indagar o porquê. E a vida disse que tem me feito sentir saudades, para eu que eu aprenda melhor como se ama e valorize mais as presenças; que tem me feito desejar que o tempo passe, para que eu não reclame quando os instantes precisarem correr depressa. E disse ainda que já me ensinou a ser livre, mas que por ingratidão e teimosia me esqueci das lições dadas. Quis saber então da felicidade. Ela sorriu e disse, meu filho, que é que você está esperando?

Pedido

Pedido São tantos os caminhos que sem dar as mãos trilhamos, e tão cinzas os instantes em que não nos existimos, que te faço agora um pedido: nessa rara história que nos amando compusemos, não escrevamos mais dúvidas ou medos que a nós se atiram; deixemos apenas as palavras do amor que nos queremos.

A Máquina da Saudade

A Máquina da Saudade Ah, meu bem, sinto tanta falta de ti quando o tempo cisma passar devagar que decidi construir uma máquina que transforme a saudade em amor. A cada dia que passa ela gera mais felicidade e corre ainda mais forte para levar embora a saudade e deixar apenas a sorte de amar-te uma vez mais.

Versinhos que Te Escrevo

Versinhos que Te Escrevo Perceberás um dia. Os versinhos que te escrevo não são apenas versos que cato em livros de poesia. Mais que conjuntos de letras, são essência do que sinto, palavras que de mim escorrem para te transbordar de alegria.

Cântico para Minha Dor

Cântico para Minha Dor Sinto dor, porque dor devo sentir. Dor é apenas dor, não quer dizer que seja ruim. Quando a dor acabar, talvez então o tempo se quebre, talvez meu tempo se acabe antes que chegue seu fim. Que assim como o vento sopra e espalha as folhas para longe daqui, o tempo também vai passar e levar embora essa dor que já não cabe mais em mim.

Sonhando-te

Sonhando-te quando sonho contigo meus sonhos não tem lugar no tempo ou no espaço sou até capaz de sentir teu corpo sem o teu corpo tocar meus sonhos te relato contando minúcias para que os detalhes tornem-se carícias e revelando incandescentes desejos que nos aqueçam quando a vida se invernar sonhos meus olhares teus e essa vontade absoluta de te amar.

Foste embora bem antes do adeus

Foste embora bem antes do adeus Foste embora bem antes do adeus que fizesse meus gemidos serem teus; que pudesse nos tornar senhores de nossos risos, suspiros e sabores. Deixaste um verso (que sim, me amas!) com tom de voz que me traz encanto e cheio de carinho, a abafar o pranto que inunda o bege das nossas camas. E é só por isso que procuro em ti um olhar novo que me desperte às notícias leves, nos dias negros; meu canto é breve para a noite inerte, é um choro incauto de quem sorri para que o tempo se torne íntegro.

Recorte Carnavalesco

Recorte Carnavalesco Amor, única prece que conheço, o teu hino eu obedeço! E por isso canto, danço e alto pulo para que as mãos sintam orgulho da cidade ocupada por pessoas e bóias que se despem do cinza e se trajam de púrpura, rechaçam o assédio e se sentam no asfalto para cantar alto e afastar o mal. Um sarau no domingo é de surpreender (piada e poesia, essa sou eu!): vire à direita mas sem virar salgado, um encontro é melhor quando é inesperado, o caminho é mais curto quando vamos cantando, o bloco é mais belo com os amigos do lado. Porque se o braço, ao final, não alcança a amada, o verso à noite a encontra, antes da madrugada: alegria, meu bem, é um tanto maior quando é compartilhada!

Há Coisas que Não me Cabem

Há Coisas que Não me Cabem Há coisas que não me cabem: porque me acabam; não mudam, nem deixam que outras consigam mudar. Há coisas que não me cabem: amores que não me querem, (dores que me desejam) e vontades que me devoram.