Depressivo Compulsivo
"Depressivo Compulsivo" é uma poesia que reflete alguns dos maus momentos pelos quais eu já passei. É assim. A vida é salpicada com bons e maus momentos; às vezes atemo-nos aos maus, outras vezes aos bons. Sempre pensei que a gente aprende com os dois.
Uma vez já pensei que a felicidade não existia, apenas a tristeza. "Depressivo Compulsivo" data desta época. Hoje tenho uma visão diferente, embora ainda encontre vestígios de que sou um depressivo compulsivo. Sou fortemente inclinado a pensar que isso não é das coisas mais legais do mundo, e por isso eu gosto tanto desta poesia - e não estou falando de sua estética, que é outra coisa que também me agrada.
"Ma peraí! Você está sendo contraditório." Não, não estou. Embora eu não goste do "estado de espírito" de que esta poesia trata, quando a leio reflito sobre as ações que tomo e que facilitam ou dificultam que eu me sinta de determinada maneira. Desta forma eu consigo perceber melhor se o que sinto é verdadeiro ou não. Porque existe a falsa tristeza, e desta não tiramos nenhum proveito. Acho que muitos se identificarão de alguma forma com esta poesia.
Sem mais baboseiras, "Depressivo Compulsivo":
Depressivo Compulsivo
Como descrever
Meus sentimentos?
Começaria dizendo que
O medo do desconhecido
Aprofunda a incerteza
Das coisas simples,
E confirma a certeza
Das coisas mais cruéis.
Terminaria afirmando
Que se falta ânimo,
O corpo vai aos poucos
Perdendo a percepção,
E com isso vai também
Despedindo-se da utilidade.
Se insvestigasse a doutrina
Dos meus pensamentos
Quando tortura-me a mente,
Concluiria que a
Ausência de vontade
Atiça-me um desespero
Equiparável às longas
Noites que fico sem dormir
E as sombras da reclusão
Teimam em questionar
Se minha alma é legado
Do que resumir-se-á
A existência,
E se o silêncio traz
Somente a apatia
Ou ainda se as palavras,
Que verborrágico atiro
Aos diversos transeuntes
Desta vida,
Conduzem-me sem desvios
À total insensibilidade.
Porque nestes dias
De agora
Parece apenas
Que toda aparição
Do meu sorriso
Revela ainda os tons
Azuis do tempo
Que sempre definiram
A vaziez da solidão.
Conduzem-me sem desvios
ResponderExcluirÀ total insensibilidade.
É exatamente isso que penso.
E é exatamente o que temo, e onde emprego meus mais valiosos esforços para que não venha a se realizar. Não se preocupe muito com isso, "Não Chore" faz concluir o contrário cara!
ResponderExcluirVc já pensou que podemos estar sensibilizando teóricamente, apenas. Eu penso muito nisso. Apenas e exclusivamente vestindo a camisa pra compor, igual a um ator com personagem.
ResponderExcluirPutz Emílio, é difícil responder. Mas como um dos meus poetas preferidos disse uma vez (Ferreira Goulart) a função da poesia é comover. Eu me sensibilizo com algumas coisas que você escreve, com algumas coisas que a Talita escreve, que eu escrevo. Então no que resume-se às minhas experiências, a sensibilização não é somente teórica. Você provavelmente comove-se quando relê algumas coisas que escreveu, e por aí vai... Claro que nem todos sentem o mesmo impacto quando lêem as poesias, alguns nem sentem impacto algum, mas isso não quer dizer que é só uma camisa que a gente veste.
ResponderExcluirEu sempre me sensibilizo ao reler o que escrevi.
ResponderExcluirAdoraria, de vez em quando, só vestir uma camisa...
Eu acho que se você só vestisse a camisa, de repente escrever não signifacaria mais tudo aquilo, e não encontraria satisfação... Só impressão.
ResponderExcluirBem...
ResponderExcluirNão sei explicar. Sentir sem ser aquilo algo totalmente real. Eu poderia dizer que o sentimento do poema seria uma metáfora para um sentimento real. Algo assim.
Sei lá também... Não ando sentindo coisas por agora parecidas com as que sentia quando escrevi (ainda bem). Hoje, relendo o poema, faz-me lembrar de quando pergunto para alguém:
ResponderExcluir"Por que você está com esse jeito triste?" E recebo a resposta: "Não sei, me deixa agora que vai passar."
Sentir uma tristeza que não pode ser definida...