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Ataraxia em Construção

Ataraxia em Construção Não corre não, Dá-me tua mão, Vamos mais devagar! Atrás de nós Vem um anjo,  Endireitando nossa estrada. Tira um instante só Para receber mais um beijo meu E um abraço um pouco mais longo. Repara a flor no teu jardim, Que nasceu faz algum tempo, E nem tiveste tempo de ver. Caia pela primeira vez na vida: Machuca a tua carne! Deixa jorrar um pouco de sangue Que daqui algum carinho Meu corpo vai curar-te, Enquanto amadurecemos mais. Deixa descer um pouco de chuva Nesse tempo gelado de hoje. Deixa eclodir hemorragia Da tua pele eriçada, Já cansada de esperar Por uma perfeição irreal. Olha só o sol lá fora! Ele te convida a sorrir! Então não cometa o pecado De insistir na tristeza. Quando você chora o mundo se cala: O mundo em silêncio é desesperador... Caminha um passo adiante, Olha tudo ao teu redor. Agradece um pouco mais, Tenta encontrar satisfação. Mas pode gritar no meu...

Não Esqueça

Ando ausente... "Não Esqueça": Não Esqueça Por que mais ninguém se lembra Que um sorriso só esquenta Se alguém consegui-lo avistar? Ninguém mais se lembra de rir Lembra só de reclamar Não mais ouve, é só falar E sente vontade de chorar... Sabe, chorar é bom Mas só um pouco Depois cansa, faz doer Chora não, dá um sorriso Tristeza não é preciso Pra feliz poder viver!

Para Toda Próxima Manhã

Para Toda Próxima Manhã Tão lasciva consegue ser a dor À mente que é inerte Que a bondade circundante É como um pássaro Alça vôos ao menor sinal De que não há facilidade O fascínio da tristeza É capaz de apreender Toda vida inconsciente  E sem apresentar vontade Não é possível libertar-se Do mal ou da ilusão Mas a vontade se constrói A cada instante de verdade E é verdade que a mágoa Não existe realmente Veja apenas o carinho Que estende quem te ama Sem nada requerer Então exalte com afinco Cada momento de alegria E lembre-se que  A cada novo dia Constróis mais um pedaço Da tua satisfação

Morro dos Ventos

Morro dos Ventos Eu já não seria mais eu Se alheio ao que eu sinto De repente anunciasse Que sozinho eu só cogito A tua forma, e não reflito O teu enlevo Ah!, meu bem,  Que se ao fogo inclino Não esqueço o vício Do teu lábio E me convenço Que não te esqueço: Eu sou consenso Do amor que te relevo Mas eu não nego Teu corpo intempestivo Onde não mais me afogo Nem sinto o córrego Do teu toque lascivo E que hoje me é análogo A um soluço Porque nestes dias só aguço A solitude da dor Dos braços meus, sozinhos E das minhas mãos  Sem tuas mãos A se encontrar E quandos os ventos Afagam meu cabelo Eu só lamento O meu rosto paralelo Ao teu: Eu vejo um norte azul, Ficaste ao sul Do rosto meu. 

Caminhada

Caminhada As noites foram embora E deixaram meu sorriso. A lágrima de outrora Não confirma mais presença Nestes sóis corpóreos. Meus passos incertos Levam-me adiante Movido pelas memórias Que fazem-me esquecer  As dores que já senti

Momento Musical # 5: Graveola e o Lixo Polifônico - Insensatez

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Nossa, há tempos que não tinha um momento musical por aqui. Não poderia deixar essa tendência continuar por muito tempo... Uma das coisas que eu mais odeio nas tão chamadas "músicas pop" são aqueles refrões enfadonhos, que grudam na cabeça e não saem mais, sabem? Pois bem, hoje vou compartilhar uma música que tem um refrão que gruda na cabeça, mas não é nada enfadonho. É até um sacrilégio exaltar só o refrão, visto que acho a letra toda excepcional. "Insensatez" é uma daquelas músicas boas para quase todas as ocasiões felizes. "então eu disse para, continua, continua, para, para, para, para, continua, continua, para para, continua, continua, nua, para, para, para, para, continua, continua, para"

Relógio

Relógio Morro um pouco A cada momento Em que sinto dor Em todo adeus que dou A alguém que amo demais. Pergunto-me então, Nos instantes De dores excruciantes Que duram todas as lágrimas: Por que não decido Adiantar minhas horas?

Segunda Visão Acerca da Alibernação

Segunda Visão Acerca da Alibernação É maravilhoso Como de repente As coisas perdem Qualquer vestígio De um sentido Quando cada dia Traz uma ponta De opressão A gente afirma Que é feliz Para não admitir Que nossa vida Não é nada daquilo Que sonhamos construir Mas não fazemos Nada pra mudar Vou ver tevê Amanhã acordo cedo É um saco trabalhar Não aguento estudar Fim de semana É esquecer Que já o tédio Vive em mim

Momento Textual # 3: Adélia Prado - Psicórdica

Desculpem a avalanche de "Momentos Textuais", mas simplesmente não tive como não postá-los. Tanto "Sentimento do Mundo", do MT2 , quando este "Psicórdica", do presente MT3, não poderiam passar em branco. São temáticas totalmente diferentes, mas que, por um motivo ou por outro, me chamaram a atenção.  Psicórdica Vamos dormir juntos, meu bem, sem sérias patologias. Meu amor é este ar tristonho que eu faço pra te afligir, um par de fronhas antigas onde eu bordei nossos nomes com ponto cheio de suspiros. Acho esse poema sensacional. Muitas vezes, fico me perguntando sobre o que eu escrevo nos meus poemas: até que ponto aquilo se traduz em sentimento, ou é passatempo com palavras... No oposto desta linha, eu considero estar "Psicórdica". Um poema de palavras simples; sete versos; uma estrofe; sem rimas; sem jogos de palavras. Mas dá para ir longe pensando nele! Me encanta o modo como tão poucas palavras expressam tanta ...

Momento Textual # 2: Carlos Drummond de Andrade - Sentimento do Mundo

Sentimento do Mundo Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo, mas estou cheio de escravos, minhas lembranças escorrem e o corpo transige na confluência do amor. Quando me levantar, o céu estará morto e saqueado, eu mesmo estarei morto, morto meu desejo, morto o pântano sem acordes. Os camaradas não disseram que havia uma guerra e era necessário trazer fogo e alimento. Sinto-me disperso, anterior a fronteiras, humildemente vos peço que me perdoeis. Quando os corpos passarem, eu ficarei sozinho desfiando a recordação do sineiro, da viúva e do microscopista que habitavam a barraca e não foram encontrados ao amanhecer esse amanhecer mais noite que a noite. Eu acho o Drummond um grande poeta, e ainda me impressiono como alguns poemas dele me comovem. "Poema de Sete Faces", "A Máquina do Mundo", "Elegia", ... "Sentimento do Mundo" não é um poema, digamos, alegre. Do contrário, reflete os fatos...

Polígrafo I

Polígrafo I Nunca te contei mentiras Sincero sou naquilo que digo Mesmo nas palavras estranhas Inadequadas e sem sentido Então por favor não me faça Ciente das tuas desculpas Pareço até  sem coração Porém rogo sensatez Que a alma é indiscreta E revela a desilusão Das verdades tão concretas Que sem pudor você desfez E se eu falei de desejo Foi porque guardei cada segundo Já as vezes de silêncio Foram instantes de descanso: A minha boca se cansou De ficar se iludindo

Soneto a Josephine

Soneto a Josephine Procuro incessante conforto. Salvação dos júbilos em flor Enquanto declamo, absorto: tu és meu verdadeiro amor Teus carinhos dentro da alma Tornam elísios os campos E fazem ressoar os cantos De uma saudade sem calma Persisto em palavras soltas Enquanto minhas mãos afoitas Te definem de início a fim No jardim das últimas horas, Contemplo a cor das auroras: quero amar você, Josephine!

Pseudo-lírica

Pseudo-lírica A fumaça me arde os olhos, já vermelhos de raiva. Talvez o vermelho erga uma parede efêmera que me afastará da verdade até hoje ignorada: A felicidade não reside aqui. Morreu a lógica, Morreu o lirismo, Morreu a arte, Morreu a música, Morreu a necessidade  e o sentido. Não morreu (ainda) A minha busca. Colho força de instantes eternos, Como o olhar de dois amantes (que não mais se verão). Sentimento não se explica, porque também não se constrói. Traduz-se em carinho. E se carinho não me falta, Tudo bem.

Até Aqui

É o seguinte: "Até Aqui" é uma linda poesia. Eu acho. Se vocês discordarem, tudo bem. Mas penso que não irão discordar. Seguindo a minha prática recente de não delongar nestes textos introdutórios, só vou dizer que é uma poesia que gostaria muito de compartilhar, e sinto que agora é o momento certo pra fazer isso. Se não há nada morto de maneira absoluta, e todo sentido festejará um dia seu renascimento, apresento-lhes "Até Aqui": Até Aqui Nos espasmos dos meus músculos Que os lábios às vezes aprontam Os que procuram sempre encontram Os detalhes mais minúsculos De cada ínfima poesia Pois houve um tempo em que a dor Dotada de um rompante torpor Fazia-me escravo da amargura E definia-me como criatura Que dançava sem sinfonia Meu corpo era uma sangria De choro a escorrer sem guia De lágrimas procurando conforto E sem encontrar, era feito morto Lançando-me à covardia Mas ao andar soprava o vento E sentia com ele um alento Que vinha regado de música Parecendo até um...

Sem Pensar

Com o final do semestre, as coisas andam apertadas por aqui... Por isso a demora em nova postagens. Posto hoje "Sem Pensar", uma poesia que gosto muito. Sem Pensar Diga-me por bem O que é que tem Decidir-me ir Sem medir o passo Ou quer dizer então Que só com a razão Poderei viver? Descarto a precaução Mas aceito um carinho Com toda a ternura... Quando é que eu vou Conseguir me encontrar Neste caos que é o medo? E quando é que eu vou Conseguir descobrir Todos os teus segredos? Se o bom-senso vem De encontro a mim Me aconselha só A evitar o desgosto... Mas eu gosto tanto  Do futuro incerto Que tua boca traz Que dizem-me que não Mas vou de peito aberto  Sem olhar pra trás

Alívio

O título explica bem. A esperar que gostem: Alívio Eu sinto um alívio Que tem gosto de orvalho Curtido em carvalho De solo maldívio É uma gota gelada De verdadeiro conforto Deixando-me absorto Na paz almejada Não vou mais a esmo Mas com passo bem certo Estou consciente e desperto Da rotina de mim mesmo

Momento Textual # 1: Ferreira Gullar - As Peras

Resolvi criar um espaço para poder compartilhar textos de outros autores com vocês. Estes textos não ficarão restritos a poesias, e serão, na medida do possível, curtos. Podem vir acompanhados de um comentário meu ou não.  Esta nova seção difere do já existente neste blog (entretanto copiado)  "Momento Musical" pelo fato de que não são músicas - e não debaterei aqui as semelhanças que estas duas formas de expressão apresentam. Para mim, música é música, texto é texto e vice-versa. Támbém difere do  "Momento Citação"  porque não são citações propriamente ditas - e aqui também me absterei de possíveis discussões. Fica evidente portanto que, do alto da minha imensa criatividade, o nome deste espaço não poderia ser outro que não "Momento Textual" (rhá!). Espero comentários, positivos ou negativos, a respeito. Kiwi! As Peras As peras, no prato, apodrecem. O relógio, sobre elas, mede a sua morte? Paremos a pêndula.De- teríamos, a...

Soneto da Paixão Diafórica

Olhem só, mais um pseudo-soneto! Gosto demais desse, um dos meus poemas preferidos. A esperar que gostem: Soneto Da Paixão Diáforica Sois o Sol que molha a carne E a carne que a boca apraz Em ver o beijo fazer escarne Da falta que um beijo faz Sois morte dos meus temores De que eu acabaria em morte E que comprovaria sem sorte Que a vida é só dissabores Sois quem move-me aos montes, Expandes os meus horizontes E afastas de mim a solidão Então isente-me da metáfora, Para que eu coloque em diáfora: Paixão tenho por ti, paixão

Sobre o Desejo e a Reflexão

"Sobre o Desejo e a Reflexão" é uma poesia, digamos assim, meio viajada. Escrevi ela há alguns anos atrás, enquanto esperava notícias em um hospital. Não é, digamos, uma situação muito agradável. Sem mais delongas: Sobre o Desejo e a Reflexão Eu desejo tanto a vida Que me apanho a refletir Sobre a morte destes corpos E a vaziez destas almas Tantas coisas injustificáveis Que trazem pesos imensuráveis Carregados forçosamente Sem marca alguma de glória Essa espera é um martírio Regrada por azulejos E escolhas no infinito De brancos ou espaços vazios Eu ainda não escuto De qualquer canto que seja Palavras que me tragam paz Só sinto um imenso querer Da volta daqueles momentos Cheios de divertimentos E que eram nossos, Não meus...

Perdendo-te

A falta recente de postagens tem um motivo bem específico: faculdade... Acho que não preciso comentar mais. Acreditem, estou tentando atualizar aqui o máximo que consigo, mas descobri que a idade está cobrando o seu preço, fazendo-me precisar dormir. Com sorte (eu espero!), mês que vem vai estar um pouco mais tranquilo. Estou postando "Perdendo-te", e acho que muitos vão sentir alguma coisa com ela. O que, eu não sei. Acho que vão gostar. P.S.P.P. - Aqueles que lêem aqui e que não me vêem(?) há algum tempo, um grande abraço, literalmente! Perdendo-te Houve um tempo que quis-te mais Mas para o amor não ergui cais E ele foi se tornando tão parco Que agora não tenho mais barco Para continuar a navegar Nem colete salva-vida Que evite a tua partida E nos impeça de afogar

Momento Musical # 4: Cassim & Barbária - Catastrofismo

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Está um pouco difícil postar por estes dias. São TP's e mais PT's e mais TP's e mais... Tava sentindo falta de um pouco de música por aqui, então resolvi postar uma letra e um vídeo de uma música sensacional: "Catastrofismo", da banda Cassim & Barbária.  A minha mente anda um pouco atordoada (no melhor dos sentidos) por estes dias, o que dá mais ou menos um pano de fundo pra música. Não vou comentar muito não, só peço para prestarem atenção à loucura meio psicodélica que é o vídeo. E a letra... Bem, digamos que a letra combina com o vídeo: "Ow, o amor é colisão [...]" "[...] É melhor rimar no terror Do que ficar a salvo na solidão É melhor rimar no terror Do que ficar a salvo na solidão Do que eu viva pra isso Que eu esteja vivo pra isso E seguinte, Quero fazer amor com você Num véu intenso de confusão Seguido por uma inconsciência Arrebatadora, arrasadora Quero ondas de choque Vulcões em fúria Terromoto bem acima de q...

Chora Comigo

Corro o risco aqui de ser mais indiscreto do que cabe neste blog, mas lá vai. "Chora Comigo" é sobre um caso que escutei quando reunido estava com alguns amigos. Quem contou o caso foi a um show da Ana Carolina. Ocorreu que neste show havia um casal de lésbicas brigando. Foi-me dito que eram duas mulheres muito bonitas, e que estavam brigando porque uma delas tinha beijado uma outra, digamos, não tão bonita assim (não que a beleza tenha importância). No meio da briga, a que foi "traída" dava tapas na outra, chorando, e dizia: "Chora comigo! Esta dor que eu estou sentindo é sua também." Achei esta situação de tal beleza, que resolvi escrever uma poesia. É uma das poesias que mais gosto. Sei que o "certo" é "chore comigo", mas não ficara tão legal =). "Chora Comigo": Chora Comigo Chora comigo estas lágrimas Que transbordam minha face E que devoram toda a alegria Que um dia eu já senti? Chora comigo...

Certeza

Certeza que gostarão de "Certeza", ou será isso um inconcreto talvez? Certeza Permita-me continuar Que eu nunca me cansarei  De tentar te demonstrar Que tempos melhores virão Sinta a serenidade Das palavras mais gentis Abra os olhos sem medo E aviste a felicidade Não temas mais o amanhã Que venturas hão de vir E breve tu desfrutarás Do que desejares sentir Desejes então carinhos Que te tragam a harmonia Dos instantes de bem Reveladores da alegria Que haverá nos caminhos Que intentares trilhar

Lúgubres Luzes

Estou vivendo um dilema. Por um lado não consigo atualizar aqui o quanto gostaria. Por questões de tempo e porque, apesar de gostar das coisas que escrevo, nunca acho que são interessantes o suficiente. Nesse ínterim, os textos vão se acumulando. Preciso achar uma maneira de contornar isso o quanto antes. Também estou achando estes textos que antecedem as poesias um pouco enfadonhos, e talvez resolva extinguí-los. Veremos. Decidi fazer algo diferente desta vez. Peço que deixem nos comentários o que essa poesia se assemelha para vocês. Por exemplo, "uma explosão", "viagem inter-esterelar"(?certo?), "cavalgada". Peço isso porque cada vez que leio, acho que fala de uma coisa. Como o ser humano é intrinsicamente determinístico, as dúvidas não fazem bem, e logo preciso dessa definição. "Lúgubres Luzes": Lúgubres Luzes Lúgubres luzes Destes espaços  Angustiantes Digam-me por que é Que me despertam Com os versos Incautos  Da tormenta Acaso vosso zel...

Reticente

Decidi postar uma das minhas coisas românticas. Sem nenhum motivo especial; não há nada nem ninguém a despertar-me romantismo por estes dias, que aliás não são tão ideais para ser um gooner . É só que do que escrevo, existe um tanto de romance (um tanto até maior do que se esperaria), e alguma hora este romance haveria de aparecer por aqui. A única coisa que precisam saber sobre minhas coisas românticas é que elas são implícitas. Reticente Quero tornar teus dias Claros e aconchegantes. Despertar as alegrias Das noites de luas infantes. Quero ser continente, Montanha de felicidade. Me diz então que sente Um grão de areia de saudade? Fala para mim que não se cabe De anseio e de emoção. Mesmo que o sorriso acabe Sem a mínima intenção. Só não use palavras concretas, Retas, certas, sem desvios. Estas são tão incompletas, E o concreto dá-me arrepios... Mas pode ser bem reticente, Imprudente, devagar. Não posso ficar mais contente, Do que ouvindo você falar. ...

Essas Minhas Sandices

Acho que de todos os adjetivos que podem ser dados a um ser humano, o que mais recebi foi louco (olha só, tá acima de bonito, há!). Uns queriam dizer outras coisas, outros queriam dizer exatamente isso. Eu mesmo digo que sou louco, embora não no sentido explícito. A verdade é que a loucura me atrai. Simplesmente. Já me proporcionou momentos cômicos e trágicos, e outros que não cabem aqui. "Essas Minhas Sandices" fala um pouco disso. É uma poesia extremamente biográfica, escrita em um momento complicado. Talvez alguns sejam cativados por ela. Senão, esteticamente também a aprecio: Essas Minhas Sandices Por que nestes momentos, Amontoado de tormentos E repleto de pensamentos, Abarrotado de sentimentos, Traduzo meus desalentos Numa sequência de sorrisos? Por que em parar eu continuo, Mesmo sem pedir licença, Atiçando a desavença Entre o peito e a cabeça? Não é isso uma loucura? Será isso uma doença? Se de longe um louco sou Perto sou mais que insano, Um doido...

Momento Musical # 3: Porcupine Tree - Time Flies

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[Em uma tradução livre] "...Nada nunca acontece  Se você não fizer acontecer  E se não puder rir, então sorria..." Essa música é especial. Imaginem que estão caminhando por lindos campos verdejantes, com um céu azulado sobre suas cabeças - serve aquela imagem do Windows XP -, com o vento batendo de maneira suave na face, e com essa música ao fundo. Só eu acho isso combustível suficiente para enfrentar a segunda que se aproxima? Acho essa música tão animadora que é o toque do meu despertador. E eu consigo acordar justamente porque cria-se a batalha na minha mente entre voltar a dormir e prestar atenção na música. Mas a música é muito boa, então eu acordo! Não precisa ser essa música, mas para quem também precisa acordar cedo, nada melhor do que despertar ouvindo uma música que gostemos muito.

Tocado em Notas Menores

"Tocado em Notas Menores" é uma poesia que marca duas mudanças para mim: do interior onde nasci para cá, e da infância para a fase adulta. Eu meio que "pulei" a adolescência, e o resultado é que hoje tenho cinquenta anos de idade para um certo conjunto de coisas, e onze anos de idade para um outro certo conjunto de coisas...  Aproveito para explicar que a falta de posts nos últimos dias deve-se ao fato de minha GPU ter esturricado, e logo estou sem PC indefinidamente. Aos gigantes, ou aos moinhos de vento, aqui vamos nós: Tocado Em Notas Menores Quando criança eu tanto sorria Em vagas horas de brinquedo Naquelas ruas de calçamento O vento sempre soprava Fazendo-me apanhar ao chão Cada ínfimo sonho Dos dias que não guardei Pode ser que de novo o tempo Resolva passar outra vez Para que eu consiga iluminar Cada gesto sem sentido Mas eu que tanto acreditava Que para tudo era só caminhar Agora caminho tão pouco E agora eu corro tanto...

Depressivo Compulsivo

"Depressivo Compulsivo" é uma poesia que reflete alguns dos maus momentos pelos quais eu já passei. É assim. A vida é salpicada com bons e maus momentos; às vezes atemo-nos aos maus, outras vezes aos bons. Sempre pensei que a gente aprende com os dois.  Uma vez já pensei que a felicidade não existia, apenas a tristeza. "Depressivo Compulsivo" data desta época. Hoje tenho uma visão diferente, embora ainda encontre vestígios de que sou um depressivo compulsivo. Sou fortemente inclinado a pensar que isso não é das coisas mais legais do mundo, e por isso eu gosto tanto desta poesia - e não estou falando de sua estética, que é outra coisa que também me agrada. "Ma peraí! Você está sendo contraditório." Não, não estou. Embora eu não goste do "estado de espírito" de que esta poesia trata, quando a leio reflito sobre as ações que tomo e que facilitam ou dificultam que eu me sinta de determinada maneira. Desta forma eu consigo perceber melhor se o que s...

Sem Descanso

Havia pretendido postar uma poesia que é um cúmulo de conforto, mas aí lembrei que ainda existem milhares de coisas tristes e infantis a serem colocadas aqui. Como sou preguiçoso , não vou ficar criando uma desordem cinematográfica, e mudei de ideia. Aproveitando esse clima de volta às aulas, vou postar uma poesia cujo título define a vida de muita gente que visita este humilde blog, e a minha também, nos meses que não são verão ou pedacinho de inverno. "Sem Descanso":  P.S.P.P. A poesia em si não tem nada a ver com isso... Sem Descanso Não adiantou relaxar No verso do teu berço Lábio do teu avesso Certeza da tua ventura Ou convite da tua mão Ainda não consigo dormir E sem dormir sei Semanticamente é  impossível Que eu consiga acordar Acorda-me com um beijo? Toca-me um arpejo De puro contentamento?

Querência

Amanhã voltam as aulas, e eu estou surpreendentemente bem disposto. Resta saber quanto vai durar - a julgar pelos semestres passados, umas duas chamadas... Volta também aquela rotina maravilhosa de ter meu sono restringido ao intervalo que vai de uma às seis da manhã; isto claro, nas noites que são reservadas ao nobre ato de dormir, que não são todas. Vou tentar atualizar o blog o máximo que der, espero que continuem lendo estes devaneios! Espero que tenham tido um bom carnaval; o meu foi muito proveitoso. Decidi postar uma poesia que me assombra durante cada segundo de vida. Com vocês, "Querência": Querência Paixão Mostra-me de uma vez,  Sem qualquer suavidade, A verdade absoluta. Se nunca cheguei  A te querer,  Como posso me perder Em só sentir Desejar-me consumir Na fogueira  Dos teus lábios?

Promessa Minha

Desconfio que falo ( escrevo ) demais... Deixo com vocês "Promessa Minha": Promessa Minha Olhe por bem Que foi que tu fizeste Para não dar conta  Da felicidade? Podes ter certeza Que um sonho não faz mal Enquanto você corre te dizem Isto não tem querer Mas e agora o quanto  Já correu Não tem jeito de voltar Deixa um pouco se esbaldar Nesse sol  Que abranda o ser E te faz sentir  Tão grata Nem que só por uma vez E pelo percurso  Que te leva Do toque até a alma Tudo é mesmo descoberta E o errado não é mal Só depende da vontade Que desperta em cada instante Dá-me então a tua mão Intento apenas te mostrar Que cada dia é gestação De um futuro bem melhor

Momento Musical # 2: Los Hermanos - Do Lado de Dentro

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"Mas o universo hoje se expandiu  E aqui de dentro a porta se abriu"

Dia Após o Outro

Tá sendo muito legal a experiência do blog, neste curto tempo. Mas a única coisa que eu tenho certeza é que meu tempo não é medido em segundos, mas em intensidade, e por isso gostaria de agradecer os comentários. Aprendi que é com a ajuda dos outros que a gente evolui, e por isso é tão importante ver o que aqueles que gosto pensam sobre o que eu coloco aqui. Mais uma vez, obrigado! Hoje postarei "Dia Após o Outro". Normalmente não revelo o porquê dos títulos, visto que em muitas poesias eles são a parte mais significativa da poesia inteira. Mas abrirei uma exceção desta vez. "Dia Após o Outro" vem sendo construída dia após o outro desde que eu tinha pouco mais de dez anos, e terminei ela logo no inicinho deste ano. Não vou revelar mais nada aqui, mas desejo que apreciem: Dia após o Outro Vivo sobre as paredes Das minhas convicções. Sinto o frenesi das escolhas, Encruzilhadas sem fim. Caminho sobre a linha De decidir em consciência Abandonar minha mente e Exaurir...

Momento Musical # 1: Lenine - O Abraço e a Lágrima

Tudo que faço é plágio, senão dos outros, com certeza de mim mesmo. Por isso anuncio o primeiro Momento Musical, que vi lá no Palotesia, que viu no Quase Tudo Quase Nada. A música é o Abraço e a Lágrima, do álbum Baque Solto, de 1983. O álbum é do Lenine, mas o Lula Cortez também é creditado. Gostaria de parabenizar a belíssima ideia (uhull! lembrei de algo da reforma ortográfica) da Talita  e do Emílio . E lá vamos nós: O Abraço e a Lágrima Ah! como ser tanta emoção Na harmonia do abraço E ser somente esse abraço Num continente de afeto O corpo completo sente Que repleto não se cabe É o coração em despejo É a lágrima em seu trajeto Que zelosa evita o lábio Para não salgar o beijo O que eu gosto em "O Abraço e a Lágrima" é que a cada vez que a leio - ou escuto, melhor dizendo - sinto um misto de emoções. Saudade, tristeza, felicidade, esperança, solidão... E o legal é que cada uma destas emoções está associada a uma situação que ela po...

O Momento Mais Triste Destes Últimos Tempos

Enfim o lado negro da força prevaleceu. Não é que não goste de poesias tristes - a tristeza possui uma beleza tremenda. Mas eu sou meio bobalhão, daqueles que querem a paz mundial e suco Del Valle de uva nos bebedouros... Portanto eu me importo que alguém sinta-se triste, e principalmente se isso for causado por algo que parta de mim, como uma das minhas poesias. Logo o receio... Essas piadas toscas são para tentar esconder que estou triste. E olha que não fico triste desde pouco antes da virada do ano - talvez o período mais longo de "não-tristeza" da minha existência. Mas hoje não aguentei. O dia foi duro. Recebi duas notícias extremamente tristes, uma das quais ainda não consegui digerir. Quase foi uma terceira, mas os hiatos terminam (Ainda bem!). O lado bom disso tudo é que, graças a um amigo meu - ex-gordo e futuro ex-careca, porém muito gente boa - eu lentamente aprendo a lidar com meus sentimentos, e acredito que essa tristeza passe, se eu a isso me propor... Na mai...

Pulsos

Postarei hoje uma das poesias que mais gosto, e explico por quê. "Pulsos" é uma das minhas raras poesias que já nascem prontas, foi escrita uma vez e não foi modificada, e isso é extremamente raro. Uma consequência disso é sua extrema verborragia. Embora não me considere um cara verborrágico, acho tal característica deveras apropriada a uma poesia rompante, como é "Pulsos". Adiciono o fato de que ela parece adquirir ritmo próprio em sua leitura, e de que ela é essencialmente ambígua. Nada melhor do que um pouco de ambiguidade para deixar a vida um pouco mais incerta, não é mesmo? Para degustação: Pulsos Sinto um pulso: intenso se expande meu peito, despede a pele e a alma Mas imóvel percebo, contente e calado, que, completo o alarde, meu peito se acalma. Sinto um cheiro vazio: nasce do ar e ratifica escuras manchas de suor. Logo um pulso maior sozinho retrai a pele e se vai a alma para fora. Ah! o corpo não que...

Soneto Acro

Essa é uma das minhas primeiras poesias. Vai-se mais de uma década; é bem diferente do que costumo escrever hoje em dia. Não que isso seja deterministicamente bom ou ruim, pois nada é. Soneto Acro Infindáveis sonhos, minhas reflexões sobre teu olhar, luz tão envolvente em meu quarto. Traduzem as paixões da minha alma, de quem vive e sente. Dentro de mim, a nostalgia e a vontade formam do ímpeto a voz e o volume. Refazem imagens sem força ou vaidade, exalando as notas do teu perfume. Murmura o vento. Menestrel das monsões que, docemente, pelas ruas se esvai. Brinda-me a esperança e, por pura bondade, faz perecer os atos e permanecer as canções. Pelos céus enegrecidos, uma estrela cai. Aduz-me o alento de saborear a saudade.

Tema Final

Tema Final Quando eu partir minha forma vai se despedir, os que amo irão sorrir e minha mente descansará do medo q u e findará em meio à essência  tornada hipótese.   Quando o sabor que hoje é salgado deixar meu corpo de sol manchado: Será que serei capaz de rir de mim uma vez mais, e de quem fui  destoarei?

Por quê?

Eu sou um cara preguiçoso. E embora existam artifícios em mim que insistem em fazer com que essa preguiça se sobressaia, a verdade é que ela é extremamente prejudicial. Então eu decidi criar um blog. Tudo faz perfeito sentido agora, não? Começa com um cara que eu insisto em chamar de amigo, o Emílio, do Palotesia . O Emílio criou um blog onde posta, dentre outras coisas, as poesias que ele escreve. Ele é um ótimo poeta e escritor em geral, indico uma crônica -  "Somos Amigos"  - e uma poesia -  "Quadras do Amor Perfeito" . Bom, o porquê se justifica até aqui, inserindo o Emílio na história, no fato de que decidi criar um blog - em grande parte inspirado por ele. Mas a verdadeira razão não é essa. Eis que um belo dia, conversando no MSN, o Emílio me convida ao seu aniversário, não sei se só por gentileza ou não, mas tanto faz. Disse a ele que iria, se pudesse. Acontece que não fui, e me justifiquei no fato de que estava trabalhando. (Que triste, não?) Neste dia, p...