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Mostrando postagens de 2015

Dezessete Flores Novas

Dezessete Flores Novas Talvez, nos tempos que se prolongam, e sorrisos que se desabitam exista um pouco ainda da flor, das pétalas amarelas de cor que o tempo tornou carbono. Talvez, neste corpo que envelhece e preces que perfaço, dubite outra vez meu peito pelo peito que me é escasso, por quem não zelou meu sono. Talvez, nestas questões que me definem, houvesse menos angústia que ontem, fosse eu menos terreno, fôssemos nós o que não pudemos nos tornar porque não fomos. Talvez, algum dia, tudo bem, numa saia de estampa florida, num nome solto de outro alguém, eu colha dezessete flores novas que me recordem (...)

Em que Eu Busque o Bem

Em que Eu Busque o Bem Agora enxergo a vida com ritmos menos solenes porque valorizo os sorrisos intencionais e descuidados que cotidianamente recolho e por isso não tenho mais tanto medo de falar de amor nem mais tanta pressa para falar te amo. Desejo de forma tão incauta que a vida não me escape que vagarosamente percorro meus caminhos e tento encontrar em cada gesto serenidade, cuido do afeto sem cinismo e sem desdém: busco o equilíbrio entre felicidade e liberdade com ímpeto constante e genuíno. A cada novo passo que dou lembro-me dos que ficaram para trás dos passos e pessoas que me impulsionaram até agora dos que me fizeram ver tão verdes os horizontes de meus desejos e é por isso que não mais vanglorio esforços ou atos vãos e que me deixam mais vazio. Carrego desvelados anelos e dou bom dia porque sim, porque bons serão todos os dias em que eu busque o bem.

Para Todos Nós, Que Nos Temos Sido Tão Ausentes

Para Todos Nós, Que Nos Temos Sido Tão Ausentes Chateia-me não poder contar-lhe as coisas que tenho aprendido as dores que me tem doído os amores a quem me tenho entregue Chateia-me que eu não possa dizer palavras que te tragam ânimo contar um pouco mais que o mínimo que não possamos ser mais Contudo não peço o inviável, sei que teus caminhos são perenes e por isso envio-te um sincero beijo: amo-te um amor infindável, estou disponível quando quiseres, rogo-te sempre que estejas bem.

Me Ponho a Exalar Afetos

Me Ponho a Exalar Afetos Me ponho a exalar afetos e buscar contingências para que os abraços sejam um pouco mais perenes. Debruço sobre os rijos versos meus cambaleantes passos e quereres solitários; dou beijos que se minguam e abuso dos parênteses, esperando que as entrelinhas traduzam com cor mais viva a aquarela do meu gostar-te.

Porque à Flor da Pele Sinto

Porque à Flor da Pele Sinto Porque à flor da pele sinto a mudança que o tempo traz, por acaso (e sem pudor) decido ir a algum lugar em que destoe das rotinas e modelos de quem sou. Para que ressoem as razões indefiníveis de meu ser: e que lá descubra meus modos infindáveis de viver.

Desdenharte

Desdenharte Compoho-me, amor, de duas metades: uma razão, outra também. Fiz dos lugares comuns minha realidade iniludível: à revelia me entorpeço, descanso e me entorpeço, entorpeço e me descanso e me canso de tropeçar. Não sou capaz de oferecer o que tão sutilmente pedes: dou o que não tenho, sou o que desdenho e me esquivo de ser teu par. Amo quem me desdenha, mas não sei como te amar.

On Children and Bears

On Children and Bears My friend, children and bears have made us resentful. But lest we not forget that we are capable of love. One day joy will define the human endeavor and then we’ll can return to the seas that now unrest. Don’t mourn or suffer the passage of time: it bears remembrance that however humble our beginnings, we too shall find peace.   Esse poema foi inspirado aqui , aqui e aqui .

Amor, Não Lhe Darei Nomes

Amor, Não Lhe Darei Nomes Escrevo versos; devagar divago e indago se vivo. Vivo? Vivo? Vivo talvez porque me entristeço. Sonho contigo às duas da madrugada de uma noite noir; você  insensivelmente vai embora: serás tão recatada? Dou adeus à janela do vigésimo terceiro andar e caio à revelia, até que o chão  faça-se síntese. Amor, não lhe darei nomes.

Soneto da Incerteza

Soneto da Incerteza Ao estar certo me convém ter incerteza, pois sei que tecer verdades é ato vão. Sobre o tecido da verdade e da franqueza, passa o tempo: deixa apenas o algodão. Dura não mais, a verdade, em minha vida, que as histórias fabulosas da infância. O tempo corre e, gentil, dá-me guarida para descobrir minha verdade na alternância. E todos os engodos e os enganos passados foram meias mentiras e meias verdades que me permiti acreditar levianamente. Por isso quero meus fatos reinventados: ainda que reduzam meu ser a metades, me darão força para seguir adiante.

Elegia aos Meus Romances não Vividos

Elegia aos Meus Romances não Vividos Amor, mar que dias mil eu naveguei em ríspidos, rápidos e líquidos delírios: se outrora eras tão belo e insinuante por que agora tocas-me com o lábio que fere e despudora minha carne, causando-me esta dor tão angustiante? Se em meio a teus caminhos quase inertes divergiu a minha busca, e aí mesmo, minha brusca boca enlouqueceu-se com as repetidas palavras de carinho, atiradas sem pudor e sem remorso, e sem que a alma vislumbrasse viva cor, por que não mais que de repente te despedes de minha ingênua poesia? Por que a tua essência me é estranha, e não entranhas quem em verdade sou, e alegre tu não sentes o que sinto, e triste tu não pensas o que penso, e comigo não te consubstancias? Será que confiando a ti os meus desejos, sonhei eu de um modo tão disléxico, e tão sereno, e improvisado e imbecil, que não tornei-me sequer merecedor de um dia mais a velejar teu corpo vil? Desmonte verso a verso meus poemas e desafie-me novamente a descrever com as pal...

Solidão e Ela

Solidão e Ela Estou rodeado pelo azul e pela solidão, mas estou bem como sempre quis. E é por assim estar que indago a razão pela qual sem Ela sinto-me tão feliz. Oh minha amada, se és meu desejo juvenil, por que de mim foges tão elegantemente? Por que não te entregas ao amor febril que arde vigorosamente em minha mente? Oh solidão, minha companheira de moinhos: alenta-me e enlouquece-me em correspondentes partes. Há longos anos dá-me teus abraços, mas tuas mãos não me fazem carinhos. Faz de nós dois perpétuos amantes, mas deixa entrelaçar-me a outros braços.

Soneto do Eterno Breu

Soneto do Eterno Breu Perturba-me tanto o inconcreto, que cria em minha mente a ilusão de que eu me torne um alguém completo: um ser com sentido, forma e razão. E nessa rota às vezes, o meu eu indefinido, experimenta inúmeras coisas sem sentido e se recorda de vislumbrar o céu, mas cada olhar faz enegrecer meu breu. Breu meu, que longamente habitas minha mente louca e divagadora, minha essência inerte e superficial: diga-me, por que tanto cogitas minha realidade sonhadora, meu corpo imperfeito e irreal?

Montanhista

Montanhista Agora, já predeterminado meu ser e seu romance, a minha verdade essencial foi renovada pela aceitação da realidade do que sou. Não teimo mais em sustentar meu pensamento fractal, nem busco apenas felicidade. A liberdade me fez crescer, tornou meu ser um escalar. Por isso meu léxico vital é uma ontologia inacabada. Sei muito bem que o futuro reservará apenas duas escolhas: platonizar ou prosseguir...

Soneto do Amor Real

Soneto do Amor Real Amo-te, antes que eu te encontre e amo-te tanto que não te amo, como ama o amor polígamo, mas como ama o amor silvestre. Amo-te porque és imperfeita, já que imperfeito sou também. Amo-te por estares satisfeita por me amares, e não outrem. Amo-te tanto, e com tal intensidade, que ao amar-te líquida eu derramo a volúpia inteira do amor real e porque quando quiseres a verdade da  unívoca razão pela qual te amo, saberás: amo-te porque és realidade.

Sete Estrofes para Sete Amigos em Ouro Preto

Sete Estrofes para Sete Amigos em Ouro Preto E conforme a lua me despertasse E minguante a saudade se fizesse O travesseiro salteou meus sonhos Com um punhado de sorrisos coloridos Da cor dos que há muito não se vêem. E conforme insinuante se mostrasse E sinuosa a rota se estendesse (Que assim também o é a vida) Meu tempo já não contava segundos: Contava intensos, e extensos, os instantes. E conforme nossas mentes mentassem Sobre a infinidade de coisas do mundo E sobre as coisas infindáveis da mente Ali, bem ali, o encontramos: Parte amigo, parte mestre. E conforme o dia passasse E o tempo resoluto se diluísse Os sorrisos faziam oferendas Às amizades já sintonizadas Em frequências de outros tempos. E conforme o violão tocasse E os versos se recitassem Os ventos sopravam lateralmente: Éramos santa e pura essência Da certeza indômita do caminho. E conforme os risos se prolongassem E as lágrimas se recolhessem Decidimos traçar outros...

Sinestesia dos números

Se poesia é jogo de palavras, tentei fazer um jogo de números =P Sinestesia dos números São vinte e três espelhos quebrados Cuja prata não mais escoa Pela face sem reação. E são vinte e sete os cachos negros Outrora fonte de desejos Que viraram recordação. Duzentos e quatro rios se esvaíram Em cento e setenta e um oceanos, Feitos de muitas promessas de amor. Mas apesar do que sentiam Veio o peso dos dezessete anos E toda a água se evaporou. Mas o vapor não moveu as máquinas E as máquinas não giraram moinhos E os moinhos se tornaram vãos. Vãos também são meus caminhos Que passam por entre as pessoas Sem que se entrelacem as mãos.

Ontologia da existência

Ontologia da existência Não encontrarás aqui, mesmo que procures, a causa primeira da vida, só miríades de efeitos. Cheir e os sons e escute as cores, mas nas sensações e sabores não há toque e nem palavra que te faça ser completo . O teu caminho e o teu sentido não terão razões manifestadas, em sorrisos entreabertos, ou em modelos do amanhã. Ao se acu mularem os instantes a forma torna - se irrelevante : não há nexo fundamental ! O tempo simplesmente se esvai. Mas ainda há a verdade que traz cada novo dia : "Torne-se hoje a concepção d a tua pr ópria ontologia."